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terça-feira, 27 de abril de 2010

Janeiro

João
A orla da Barra tá cheia de puta. Tenho saudades da Rose. Fui com os meninos do S. Bento. Em poucos minutos cada um tinha ido com uma puta. A Rose e eu sobramos. Ela talvez por ser negra e, mesmo antes da anorexia dominar os editorias de moda, um pouco gorda. Gostosona, ela se definia. Eu somava a timidez a falta de grana. Quanto você tem? Tive que explicar que era bolsista. Fui aceito no primeiro ano e podia continuar estudando enquanto tirasse mais que oito em tudo. Estava no sétimo ano e tinha tido sucesso até então. Era meu dinheiro da passagem da semana, pouco, mas não teria nunca mais que aquilo. Vou te fazer um boquete, quer?
Ela me adotou. Peguei com um primo um uniforme de escola pública, quando passava o ônibus pedia para entrar pela porta da frente. Tinha que sair mais cedo, nem todos me davam carona, mas a consciência social dos motoristas precedeu em muitos anos o decreto da prefeitura.  Ia nas segundas feiras, quando era mais vazio. A primeira vez que a vi nua gozei antes de penetrá-la. Ela foi me ensinando. Respira fundo. pensa noutra coisa. Prende o xixi até não aguentar mais. Corta o xixi no meio. Aperta esse musculo da parte debaixo da barriga e conta até cem. Quando estiver duro força com a mão pra baixo.
Ela me elogiava. Você vai fazer qualquer mulher feliz. Seu pau é de homem, não é de menino não. Os outros dias eram a espera da segunda feira. Como foi difícil tirar oito naquele semestre. Ela parou de me cobrar. Me deu uma correntinha com uma medalha de S. Jerônimo. Depois um relógio. Meu pai foi na escola saber se eu estava roubando. Brigamos por causa disso. Contei a verdade e ele me perguntou de recebia dinheiro da puta. Menti que não. Ele me chamou de cafetão. Foi quando o padre me conseguiu a vaga de ajudante na biblioteca. Era só meio salário mínimo, mas eu não gastava mais passagem mesmo. Um dia não peguei a nota que meu pai deixava para mim na mesa da cozinha. Ela ficou ali quase um ano. Foi quando percebi que éramos mais homens do que pai e filho. Nunca trocamos confidências. Não foi difícil deixar de lado também o dialogo. A Rose me disse que um homem sempre parte o coração de uma mulher e chorou na cama depois de fazer amor. Hoje é aniversário do meu pai. Ainda não foi esse ano que eu esqueci.

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